Ocupação denuncia má administração da UERJ
20.09.2008 | 01h42 |
Por Marcelo Salles, salles@fazendomedia.com
Acompanhado do bravíssimo artista gráfico Carlos Latuff, visitei, nesta sexta-feira (19), a UERJ, cuja reitoria foi ocupada por estudantes no dia 10 de setembro. Há cerca de 200 estudantes mobilizados, sendo que 60 desses estão diretamente envolvidos na organização da Ocupação. Ouvi histórias interessantes por lá, coisas que as corporações de mídia omitem sistematicamente. Segundo os estudantes, no frigobar do reitor havia água perrier (R$ 5 a garrafinha), enquanto andares inteiros da UERJ possuem bebedouros quebrados ou com água imunda. Uma vez os estudantes encheram uma garrafa com esta água e foram passando de sala em sala perguntando: "O que vocês acham que tem aqui?". Em função da cor barrenta, respondiam de tudo: "chá, mate, suco de goiaba", menos água. Na copa da reitoria, vi um fogão daqueles elétricos, que custam cerca de R$ 2.600,00 (mais que a magnífica lixeira do reitor da UnB, que moveu a mídia por custar R$ 1 mil). Outros artigos de luxo encontrados no gabinete do reitor, segundo os estudantes: tâmaras, damascos e chá inglês (inglês mesmo, com o texto da lata em inglês).
Os estudantes decidiram ocupar a reitoria para denunciar as condições precárias em que se encontra a UERJ. Uma caminhada por seus andares revela fiações expostas, buracos no chão, água suja nos bebedouros, ausência de equipamentos de segurança (que se existissem teriam impedido o incêndio do ano passado). Mas não só. Os estudantes também denunciam a privatização do espaço da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, financiada com dinheiro do contribuinte fluminense: existem cursos de línguas pagos funcionando a pleno vapor e pelo menos dois caixas eletrônicos do banco Itaú estão dentro da unidade Maracanã. Segundo os estudantes, foram encontradas documentos referentes ao aluguel desses dois caixas eletrônicos no valor de R$ 30 mil sobre a mesa do reitor. Na pauta de reivindicações encontram-se ainda: o cumprimento do artigo 309 da Constituição Estadual, que determina a aplicação na UERJ de 6% da receita líquida do Estado; construção de bandejões; ônibus intercampi; concurso para professores e técnicos administrativos e carga horária presencial nos cursos de graduação. Por fim, uma reclamação de muitos estudantes é que o reitor não recebe os integrantes do DCE. Segundo integrantes da Ocupação, o reitor Ricardo Vieralves é do PT. O fato é que Vieralves foi secretário estadual de Ciência e Tecnologia da governadora Benedita da Silva (PT), em 2002. Você, caro leitor, viu essas demandas sendo divulgadas pelas corporações de mídia?
Segundo a estudante Fabiane Simão, a reitoria adotou a tática da desqualificaçã o. "Começaram a lançar notas no Globo, no Globo Online, nos chamando de vândalos e invasores, entre outras coisas" (veja no vídeo abaixo). Além desta forma de truculência, os agentes do governo também teriam optado pela intimidação judicial. Segundo os relatos dos estudantes, Maurício Mota, diretor jurídico da UERJ, articulou três processos contra o DCE enquanto instituição e contra alguns estudantes, individualmente. As ações são de reintegração de posse, interdito proibitório e civil pública. Os estudantes acreditam que vão conseguir reverter as ações. E denunciam: "Na USP, a reitoria levou 20 dias para mover uma ação como essa". Na UERJ de Sérgio Cabral (PMDB), só levaram dois.
Esta já é a ocupação mais longa da reitoria da UERJ, em toda a história da universidade. Na noite desta sexta-feira, os estudantes decidiram, em assembléia, manter a ocupação por tempo indeterminado. Além disso, a reunião deliberou que as pautas prioritárias durante a negociação com a reitoria são: 1) bandeijão; 2) ônibus intercampi; 3) concurso para professores e técnicos administrativos; 4) carga horária presencial para a graduação. Além disso, ficou decidido que a retirada das ações contra os estudantes é condição prévia para qualquer negociação.
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