Texto do estudante André Coelho, da Faculdade de Comunicação Social da Uerj, em apoio à Ocupação da Reitoria da Uerj.:
A UERJ vive. Viva a ocupação!
A UERJ passa por um momento histórico: no último dia 10 de setembro mais de 500 estudantes decidiram em assembléia ocupar a reitoria para cobrar da administração da universidade uma postura de defesa dos direitos da comunidade acadêmica. A ocupação persiste, os estudantes continuam a sua luta, sempre abertos à negociação. Independente do desfecho desta história, uma vitória este movimento já conquistou: a UERJ está viva politicamente.
Depois de muito tempo parada, a Universidade volta a olhar para si mesma, divergências aparecem, máscaras caem, o debate político está em toda parte, justamente como uma universidade pública da grandeza da UERJ deve ser. Chega de opiniões genéricas, posturas esquivas, todos em cima do muro, é preciso tomar partido. Os estudantes mostram que são a principal força dentro de uma instituição de ensino; ninguém pode mais fingir que nada acontece, apesar de alguns ainda tentarem mostrar uma “ilha da fantasia” que não existe. A fantasia acabou e nada poderá ser feito por debaixo dos panos.
A ocupação conseguiu transformar a UERJ numa comunidade crítica, que se posiciona e discute a realidade. Este é o dever de uma instituição pública, principalmente da nossa, que agrega pessoas das mais diferentes realidades possíveis. O espaço da reitoria é hoje a casa dos estudantes, do debate político, da troca de experiência entre cidadãos conscientes de seu papel como agentes da transformação numa sociedade totalmente corrompida.
O auditório particular do reitor (mais luxuoso que qualquer outro da UERJ, diga-se de passagem) hoje é um espaço em que os estudantes podem ouvir e trocar informações com pessoas que lutam pelas mais diferentes causas. Lutadores que são vistos apenas sob a ótica do preconceito e da discriminação têm a oportunidade de falar o que pensam e expor seu trabalho, o que deveria ser prática cotidiana numa Universidade. Um exemplo é o MC Leonardo, criador da APAF, um movimento de funk que busca o retorno às raízes, construindo uma resistência à “putaria” escrachada que escutamos hoje em qualquer esquina e achamos natural.
O debate, seguido de um pequeno show do MC, foi extremamente produtivo embora tenha sido visto por muitos que lá não estavam como um desvio imperdoável do movimento, baderna, e afins. Criticar sem ter a menor idéia do que se trata é uma postura absurda dentro de uma universidade, atitude que não leva a nada senão ao isolamento e ao conflito. Infelizmente criou-se na UERJ o culto ao diploma, como se estivéssemos estudando em um curso técnico em que vamos apenas aprender como ser bons profissionais e reproduzir o que está aí. É nosso dever pensar, ouvir e construir alternativas.
A Universidade Pública deve ser um espaço de reflexão e formulação de políticas e ações de resistência, é nossa obrigação lutar pela transformação da realidade. Devemos exigir que a constituição estadual seja cumprida, que tenhamos autonomia financeira, assistência estudantil de qualidade, pela valorização do fator humano que foi colocado em segundo plano por sucessivos (des)governos estaduais. Educação pública não é despesa, mas um investimento para o enfrentamento do caos em que vivemos. Lutar pela educação pública, gratuita, de qualidade e democrática é lutar pelo bem de todos, é lutar pela cidadania, contra a barbárie.
Se hoje a Universidade transpira política, devemos isso aos estudantes que tomaram para si o papel de protagonistas neste movimento. Temos que lutar por nossos direitos, pela UERJ de qualidade, refletir sobre nós mesmos e sobre a sociedade para propor ações e mudanças. Todos concordam que a universidade está mal, que a sociedade está podre, a violência está por toda parte, mas quando chega a hora de lutar de fato, muitos correm para proteger seus cargos, salários, diplomas e favores. Já chega, é hora da UERJ se valorizar e mostrar que pode fazer a diferença.
André Coelho – Estudante da Faculdade de Comunicação Social da UERJ
Gynecological examination
Há 3 anos
2 comentários:
Eu acho memorável esta batalha que está sendo travada em defesa da UERJ. Mas acredito que esteja faltando uma maior exposição do maior responsável por esse caos (Nosso querido governador Sérgio Cabral), para que ele comece a perceber a quantidade de votos que irá não somente perder, como verá qualquer adversário para quaisquer cargo vencê-lo. A favor ou não da greve, uma coisa é certa: A comunidade da UERJ como um todo está contra o Cabral.
Esse é um bom exemplo de como os estudantes de comunicação podem dar valiosas contribuições aom movimento. Divulgando as atividades e reivindicações, não só para a comunidade acadêmica, mas para todo o povo do Rio.
E vamos convocar um grande boicote a Eduardo Paes!!!!
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